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Alê D'Agostino prova que dos menores frascos se fazem as melhores bebidas em seu bar de 40m²

  • Foto do escritor: Stephanie Ramos
    Stephanie Ramos
  • 11 de out. de 2018
  • 5 min de leitura

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Quando Alê D'Agostino saiu do Spot para criar sua marca ed bebidas engarrafadas, mal sabia que pouco tempo depois desdobraria a marca em um bar de 40 metros quadrados (Créditos: Divulgação/Apothek)

Alê D’Agostino tem um dos melhores bares da cidade. Mas nem tente insistir, porque ele não vai abrir seu estabelecimento, o Apothek, mais do que três dias por semana. A longa rotina atrás do balcão ficou para trás em seus quase 18 anos de bartender no Spot.


Formado em esportes pela USP, “só para ter o diploma mesmo”, nunca exerceu a profissão. Pouco antes de entrar na faculdade havia começado a trabalhar com restaurantes, e foi levando as duas coisas. Conta que os pais aceitaram tranquilamente quando resolveu ser bartender. “Não que a minha carreira acadêmica ou no mundo dos esporte fosse mais promissora… Nunca teve essa possibilidade”, conta aos risos.


Suas primeiras lembranças com a coquetelaria vêm da infância, quando brincava de fazer drinks - sem álcool, é claro. “Eu tinha uma coqueteleira, então eu fazia suco de limão e meu pai colocava dentro. Eu já gostava de fazer misturas”, diz e relembra aos risos que bater suco de laranja com leite era o máximo do seu “início de carreira”.


Mas e o Apothek? Não nasceu idealizado como bar. Tudo começou após a saída do Spot, quando ele procurava um espaço para servir de loja e escritório para marca que até então era apenas seu negócio de bebidas engarrafadas. Achou a locação atual, próxima ao metrô Sumaré, que divide espaço com uma galeria, mas depois de lançar a marca resolveram fazer uma loja perto de “alguma coisa com balcão” para eventuais degustações das bebidas.


Como havia passado os últimos 18 anos atrás do balcão, estava cansado da rotina de bar, que incluíam jornadas de cinco a seis noites por semana e cansam muito. Mas então veio a pressão das pessoas, “Alê, abre o bar, abre o bar! “. E como a voz do povo, é a voz de Deus, o Apothek começou abrindo apenas de quinta-feira como um teste para ver se a coisa se comportaria. Não demorou muito até que o bar crescesse tanto que também começasse a abrir de sexta. E então alguém sugeriu: “Vamos abrir na segunda? “.


Um é pouco, dois é bom e três é demais. E é por isso que para por aí. Segundo ele, o bar toma muito tempo, e a equipe tem outras funções que estariam comprometidas se tivessem que focar apenas no bar. Tranquilamente me diz que está bom assim, “Nem teria clientes o suficiente para todos os dias da semana”.


O nome Apothek vem dos gregos, que usavam o termo para qualquer tipo de armazém na Grécia antiga, e alguns povos como os alemães adaptaram o termo para remédios. E que santo remédio, tornou-se o menor bar de coquetelaria da cidade.


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O Negroni é uma das bebidas que são vendidas engarrafadas pelo Apothek (Créditos: Divulgação/Apothek)

Fora do balcão do bar, a marca tem um e-commerce para seus drinks engarrafados, como o Dry Martini e Old Fashioned, que giram em torno R$80. Sobre as maiores vantagens do drink engarrafado, Alê escolhe a facilidade, já que a bebida conversa com o consumidor final. “O drink está pronto para a maioria das pessoas que não sabe fazer e o valor que nós temos é bem mais acessível, já está fracionado e você não vai ter desperdício”.


E quanto tempo dura um Negroni engarrafado (uma das opções oferecidas no site)? Segundo o bartender, a validade é indeterminada, mas tem uma curva de evolução, porque o vermute oxida e vai “conversando” com a bebida até a hora que esta perde um pouco do álcool, e consequentemente perde suas características.


Enquanto nós, pessoas do outro lado deste balcão, bebemos drinks de lugares, os bartenders bebem drinks de pessoas. Isso fica nítido, quando pergunto quais os lugares que ele frequenta para beber, e após um bom tempo pensando em lugares para citar, diz “Posso falar em pessoas que eu gosto de beber. Eu gosto do Kennedy Nascimento. Por enquanto ele está sem nenhum bar, mas é uma pessoa que eu gosto muito”. Quando pensa em lugares, frisa que gosta dos clássicos: SubAstor, Frank e Guarita. Mas confessa, que agora que é pai, não tem frequentado tanto os bares da cidade.

Há algumas perguntas inevitáveis quando se trata de algumas profissões: qual o livro favorito de um escritor? E qual o filme favorito de um diretor? Logo, é inevitável perguntar: Qual a bebida favorita de um bartender? Ele responde automaticamente, “Ah, eu gosto de tudo, né? “.


Também não tem consegue eleger qual é a melhor bebida de seu estabelecimento. Fica pensativo por vários minutos e diz que não dá para dizer, porque é como ter que escolher o filho favorito, e isso não existe. Mesmo assim, continua pensando e não consegue chegar a um veredito. “O bar tem tudo que eu gosto. Tem essa pegada de Negroni, Manhattan, Old Fashioned, esses são drinks que eu gosto bastante. Então não dá para dizer, assim um sabor. Não tem como”.


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Mesmo com o sucesso do bar, Alê garante que o local irá permanecer abrindo apenas três dias por semana: segunda, quinta e sexta (Créditos: Divulgação/Apothek)

Filho de um pai fã de whisky, mas versátil, e de uma mãe que prefere vinho, o homem por trás da bebida tem como hobby desenhar marujos e personagens no tempo livre, mas sem grande pretensão - considera-se apenas um apreciador de desenhos.


O Reizinho do Bar, como conta em meio de uma longa risada que se auto coroou em seus anos de Spot, se inspira no mixologista britânico Tony Conigliaro para criar suas bebidas. - Sua maior admiração no mundo da coquetelaria.


Os que estão do outro lado da reta que divide o balcão, apenas tomando uns bons drinks podem ver na figura de um bartender, um psicólogo para contar as mazelas de um dia difícil – ou algo a mais. “As pessoas gostam de falar, né? O bartender de certa forma é neutro na história, ele tem mais para escutar do que falar”. Para D'Agostino, a aura do "bartender amigo' faz parte do atendimento, propiciado pelo balcão de bar, que é um bom lugar para as pessoas se abrirem e baterem um papo.


“Você tem que fazer uma leitura das pessoas”

Sem dúvida nenhuma, afirma que ouviu mais desabafo do que cantada, “A gente sempre escuta né? As pessoas às vezes não filtram muito, ou acham que estão sozinhas, acham que não vai sair do bar”.

O sucesso de um bar, a parte dos essenciais bom atendimento e qualidade do que se é servido, acontece porque as pessoas gostam de beber. Então porquê gostamos de beber?


“Eu acho que faz parte da gente, não tem como não ter. Pouquíssimas sociedades não consomem álcool espontaneamente, algumas por religião e em alguns lugares é proibidos. Mas acho que é uma necessidade básica nossa, pra relaxar, pra conversar, é um prazer. Eu acho difícil ir contra isso daí", responde.


Mas agora já são seis da tarde de uma sexta-feira, e o reizinho do bar precisa voltar ao seu reinado no menor palácio do reino, porque o seu povo anseia bons drinks e alguém para desabafar uma ou duas coisas.

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