Conheças as obras de Lina Bo Bardi em São Paulo
- Stephanie Ramos
- 11 de out. de 2018
- 4 min de leitura
Do MASP, na Avenida Paulista até a Casa de Vidro no Morumbi, é possível conhecer os projetos da arquiteta em um dia

Nem só das curvas de Niemeyer, dos prédios rebuscados de Artacho Jurado e as premiadas linhas de Paulo Mendes da Rocha é conhecida a arquitetura de São Paulo. O nome de uma mulher se destaca entre alguns famosos (e queridos) cartões postais da cidade: Lina Bo Bardi.
Nascida Achilina Bo, em Roma, a arquiteta ficou conhecida por suas obras modernistas. Devido a falta de serviço e o bombardeio do seu escritório no ano de 1943, em plena segunda guerra mundial, Lina e seu marido, o jornalista e crítico de arte Pietro Maria Bardi, se mudaram em 1946 para o Brasil, que apresentava mais estabilidade e melhor mercado para as artes do que a Europa nos anos pós-guerra.
Nos anos seguintes foi a responsável por cartões postais da cidade como o MASP e o Sesc Pompéia. Além de trabalhar na área da arquitetura, onde chegou a lecionar na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU-USP), Lina exerceu funções como escritora, ilustradora, cenógrafa de projetos de cinema e teatro (incluindo algumas peças no Teatro Oficina), além de criações nas artes plásticas e desenho mobiliário, em que desenhou a famosa cadeira Bowl.
Listamos os projetos pela cidade da arquiteta que se naturalizou brasileira em 1951, e que vão te ajudar a descobrir outras faces da cidade (a reforma no Palácio das Indústrias - que hoje abriga o Museu Catavento - não entrou na lista porque Lina morreu durante o processo e a obra ficou inconclusa).
MASP

Um ano após sua chegada ao Brasil, o casal Bo Bardi foi convidado por Assis Chateaubriand para dirigir o Museu de Arte e Moderna de São Paulo, o MASP. Chateaubriand gostou tanto da curadoria dos dois na primeira exposição do museu, que então encarregou Lina de criar a sede do MASP.
A própria arquiteta escolheu o local na Avenida Paulista, onde ficava o Parque Trianon. Sobre o projeto, afirmou: “não procurei a beleza, e sim a liberdade. Os intelectuais não gostaram, mas o povo gostou”.

O famoso vão livre do museu – constantemente palco de manifestações não fazia parte do projeto original. A mudança foi imposta pela prefeitura de São Paulo, que como havia doado o terreno para o museu, determinou que não se poderia esconder a vista para a Avenida Nove de Julho. Sendo assim Lina contornou a situação, e projetou o que seria o maior vão livre da América Latina, com 74 metros.
Endreço: Avenida Paulista, 1578 - Bela Vista
Horários de funcionamento: Terça a dom.: 10h às 18h. Qui.: 10h às 20h. Entrada: R$30 (inteira), R$15 (meia). Entrada gratuita às terças-feiras.
Casa de Vidro

A Casa de vidro foi o primeiro projeto construído de Lina, onde morou por 40 anos com seu marido, Bardi. Símbolo da arquitetura modernista em São Paulo e no Brasil, a Casa de Vidro foi ponto de encontro para os arquitetos, artistas e intelectuais da época, incluindo Glauber Rocha.

Seu nome se dá pela fachada de vidro, que possibilita uma visão ampla para o seu jardim de 7.000 m², planejado e plantado pela arquiteta, desde a construção do local em 1950.
Hoje o local funciona como a sede do Instituto Lina Bo. e P. M. Bardi, que visa divulgar o design, urbanismo, arquitetura e arte popular brasileira.
Endereço: Rua General Almério de Moura, 200 - Vila Morumbi
Horários de funcionamento: quinta a sábado (visitas acontecem nos seguintes horários: 10h, 11h30, 14h e 15h30). Entrada: R$20 (inteira), R$10 (meia).
SESC POMPÉIA

Antes uma antiga fábrica de tambores, Lina resolveu manter a estrutura original do local para criar o Sesc Pompéia, o centro cultural e esportivo que ajuda a preservar a sua memória, mas convidando a população para ocupar seus espaços, que incluem teatro, comedoria e quadra.

O projeto de 1977 evidencia um dos maiores valores da arquiteta: criar ambientes que propiciam as relações humanas. “Na segunda vez em que lá estive [na Fábrica de Tambores da Pompéia, em 1976], num sábado, (…) (encontrei) um público alegre de crianças, mães, pais e anciãos passava de um pavilhão a outro. (…) É essa a atmosfera que quero manter aqui”, declarou a arquiteta sobre seu projeto.
Endereço: Rua Clélia, 93 - Pompéia
Horários de funcionamento: ter. a sáb.: 09h às 22h. Dom.: 09h às 20h.
Teatro Oficina

O projeto de 1991, já no final da vida da arquiteta que teve contato direto com artistas durante a sua vida, inovou por não ter uma estrutura de palco italiano (palco que estamos acostumados no teatro, onde os espectadores assistem de frente ao espetáculo, e que há uma cortina usada para troca de cenários e fim da apresentação).
O espaço, que foi eleito como melhor teatro do mundo pelo jornal The Guardian, pelo seu projeto arquitetônico, tem seus andaimes transformados em cenários para as peças da companhia Uzyna Uzona, de Zé Celso.

O Teatro Oficina foi tombado pelo CONDEPHAAT (Conselho de defesa do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turístico do Estado de São Paulo) em 1981, por sua importância ao teatro nacional.
Endereço: Rua Jaceguai, 520 - Bixiga
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